24 DE
MAIO, DIA DE SANTA SARA KALI
Santa
Sara Kali e os Ciganos
Dentro
da Umbanda temos uma legião de Entidades que nos ajudam em diversas causas,
entre elas estão as legiões dos Ciganos, que são um povo escolhido por Oxalá
para, com sua sabedoria e amizade, nos ajudar em algumas causas espirituais ou
pessoais que tanto nos afligem nos dias de hoje.
Antes de
falar dos Ciganos propriamente dito, gostaria de falar um pouco sobre Santa Sara
Kali, que é a padroeira dos Ciganos e também de tantas pessoas que mesmo sem o
sangue Cigano, tem no espírito a magia desse povo maravilhoso.
O dia de
Santa Sara, que é vista como a "Princesa da Beleza Negra", é comemorado no dia
24 de maio, e abaixo vamos ver a história de Santa Sara Kali.
Optchá!
Minha mãe!!!
(Publicado
por Helena Gerenstadt)
Santa Sara, cubra-me com teu manto sagrado e afaste de mim todo o mau.
Que os ciganos espirituais estejam ao meu lado, protegendo minha estrada.
Que as ciganas espirituais estejam ao meu lado, trazendo a alegria de viver.
Que eu seja abençoado pela carruagem de luz, emanada por Dhiel.
Que nada e ninguém consiga adentrar ao meu campo, sem a minha permissão.
Santa Sara, tu és e sempre será a minha protetora.
Santa Sara, escute o meu coração. (Faça um pedido)
Optchá! Minha mãe.
Histórias ou
Lendas sobre Santa Sara.
Segundo
alguns historiadores, por volta dos anos 50 d.c, uma embarcação teria cruzado os
mares a partir de terras Palestinas levando a bordo para fugir das perseguições
de Roma aos primeiros cristãos... [mardecoruripe] Os primeiros cristãos seria um
grupo de personagens bíblicos: Maria Jacobina ou Jacobé, irmã de Maria, mãe de
Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta,
Lázaro, Maximiliano e Sara, uma negra serva das mulheres santas e aportado em
uma pequena ilha situada em águas do Mediterrâneo. Milagrosamente, a barca sem
rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos
salvos em Petit-Rhône, hoje a tão querida Saintes-Maries-de-La-Mer. Sara cumpriu
a promessa até o final dos seus dias. Sara teria sido uma das primeiras
convertidas ao cristianismo e morrido a serviço de suas companheiras de
viagem.
Uma outra
versão contada é que Sara era uma escrava egípcia de uma das três Marias,
Madalena, Jacobé ou Salomé; e junto com José de Arimatéia, Trófimo e Lázaro foi
colocada, pelos judeus, em uma barca sem remos e alimentos. Desesperadas, as
três Marias puseram-se a orar e a chorar. Aí então Sara retira o diklô (lenço)
da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se
salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta
em sinal de respeito (acredita-se que deste gesto de Sara Kali tenha nascido a
tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante
do seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo
presente a uma cigana se diz: Dalto chucar diklô (Te darei um bonito lenço)).
Talvez por um milagre, ou por obra do destino, eles chegaram a salvo a uma praia
próxima a Saintes Maries de La Mer. Depois de muitos dias, o barco foi resgatado
por moradores de uma vila próxima aos arredores da costa marítima. Todos, por
serem brancos, foram acolhidos, exceto Sara, por ser escrava (egípcia) e negra.
Um grupo de ciganos a fez, pois estavam nas proximidades e presenciaram o fato.
Sendo assim, passaram a cuidar de Sara, que, com sua morte, posteriormente, os
mesmos passaram a recorrer com pedidos à mesma, por ter sido uma pessoa querida
em vida, e esta, os atendeu em espírito, realizando milagres. A partir disso,
Sara se tornou Mãe e Rainha dos Ciganos, honrando-os e protegendo-os. O
surgimento de sua capela - foi criada após a sua morte. Quando veio à falecer,
os Ciganos foram até a igreja da vila pedindo que seu funeral se realizasse na
mesma. Devido ao preconceito, os católicos da época recusaram. A partir de
então, foi feito uma espécie de gruta/igreja para Sara, visitada até os dias de
hoje. Quando em 1935 a Igreja tirou Sarah de sua Cripta, muitos ciganos se
aplicaram à prova do punhal (punhal avermelhado no fogo sobre a veia do pulso).
Diz-se que o Sol queimou o olhar de Sarah. Quando o número de ciganos aumentou,
a Cripta não deu para todos, e foi feito um acordo entre um gadjo chamado
"Marquês de Baroncelli" e um cigano chamado "Cocou Baptista", um chefe cigano
muito influente. Até um certo tempo o acordo foi cumprido, mas os seus
sucessores não levaram o trato a diante. Este chefe cigano foi usado,
simplesmente um instrumento do gadjo, ele foi renegado e expulso pelo povo
cigano. Os ciganos de origem Calon, com o passar dos anos, alteraram algumas
palavras da língua regional do povo cigano. Devido a estas alterações, houve
algumas modificações idiomáticas no significado das palavras. Entre elas,
podemos citar a palavra Kalin, que em Calon representa a palavra "cigana". Já
para os ciganos que ainda preservam a língua regional, Kali representa negra. Há
algum tempo, existe esta confusão idiomática, envolvendo a cor da pele da Santa.
Para os Calons, seria Santa Sara Kalín (a cigana) e não Santa Sara - a negra.
Paralelamente, a história de Sarah chegou à Índia, onde os ciganos a associaram
à deusa Kali, negra, poderosa, transformadora.
Outra versão
conta que Sara era moradora de Camargue e teve piedade das Marias, resolvendo
ajudá-las. Também dizem que ela era uma rainha das terras de Camargue ou uma
sacerdotisa do antigo culto celta ao deus Mitra. Uma das explicações para estas
histórias é que em Camargue existiram várias colônias de antigas civilizações,
como a egípcia, a cretense, a fenícia e a grega. Por isso, muitos poetas e
menestréis contaram a história de Sara, de acordo com o que ouviram de seu povo,
e assim, o mito em torno dessa poderosa santa foi difundido pelo mundo e ela
continua, até hoje, a ser adorada entre as comunidades ciganas. Nos dias atuais,
a santa padroeira dos ciganos é comemorada com muitos rituais e tradições por
mais de 15 milhões de ciganos espalhados em diferentes pontos da Europa, Ásia,
África, Austrália e Nova Zelândia. Para preservar a história original de Santa
Sara Kali, é necessário lembrar que a igreja católica santificou-a como SANTA e,
que é dessa forma que o povo cigano a cultua (e não em rituais).
Aqui no
Brasil, Santa Sara divide a preferência dos ciganos brasileiros com Nossa
Senhora Aparecida e São Jorge Guerreiro. Os ciganos brasileiros adoram Nossa
Senhora de Aparecida, talvez por causa de sua cor, e muitos a equiparam à Santa
Sara Kali. Se não têm a imagem dela, por ser difícil encontrá-la, por certo
possui em sua Thiera (barraca) ou casa uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida.
Às vezes têm as duas. Certo é que ela é a mais venerada Santa para os ciganos e
todo acampamento cigano conduz uma estátua da virgem negra depositada num altar
de uma das tendas cercadas por velas, incenso, flores, frutas e
alimentos.
Além de
trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por
ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Para as mulheres ciganas, o
milagre mais importante da vida é o da fertilidade porque não concebem suas
vidas sem filhos. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte
ela é considerada pelo seu povo. A pior praga para uma cigana é desejar que ela
não tenha filhos e a maior ofensa é chamá-la de DY CHUCÔ (ventre seco). Talvez
seja este o motivo das mulheres ciganas terem desenvolvido a arte de simpatias e
garrafadas milagrosas para fertilidade. Muitas que não conseguiam ter filhos
faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da
Santa, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um
diklô (lenço), o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços,
como prova que muitas ciganas receberam esta graça.
As mulheres
ciganas também confeccionam saias, com as quais vestem a imagem da
Santa.
A proteção
de Sarah confere às pessoas emanações sempre benéficas que representam
simbolicamente o ventre da sua mãe, seu sorriso, a irmã e a rainha: a "phuri
dai" secreta dos Roms. Dizem que a pessoa de bom coração consegue ver o sorriso
na estátua de Santa Sara. Verá que tanto seu sorriso como o dela estarão
diferentes. Para os ciganos a estátua de Sara está carregada. Nela se condensam
as energias sutis de muitas gerações de ciganos feiticeiros. Ela sempre atende a
todos, principalmente às pessoas que têm a intuição mais desenvolvida e usam os
oráculos como forma de divinação. É de costume festejar as slavas (promessas ou
comemorações em homenagem a algum santo). A Slava de Sara Kali é nos dias 24 e
25 de maio. A Slava de Nossa Senhora de Aparecida coincide com a comemoração dos
gadjés, a 12 de outubro. Na Slava, é oferecido um banquete ao santo homenageado,
onde é colocado o Santo do Dia no centro da mesa, em lugar de destaque e junto a
Ele, um manrô (pão) redondo, que é furado no meio e onde coloca-se um punhado de
sal junto com a vela. Esse pão é posto em uma bandeja cheia de arroz cru, para
chamar saúde e prosperidade e, ao término do almoço, ele é dividido entre os
convidados pelos donos da casa, junto com essas palavras de bençãos: THIE AVÊS
THIAILÔ LOM, MANRÔ TAI SUNKAI (Que você seja abençoado com o sal, com o pão e
com ouro).
Sabendo-se
que os Ciganos admiravam muito Santa Sara Kali, a tradição de homenagear essa
linda "Princesa Negra", cresceu também por entre a religião Umbandista, pois
dentro da Umbanda se tem um grande respeito pelo povo Cigano e por suas
magias.
Abaixo
descreveremos um pouco mais sobre esse povo tão sublime que hoje, dentro da
Umbanda, faz a caridade, nos ajudando em tantas mazelas.
Conhecendo
os Ciganos e Ciganas no mundo dos espíritos.
Essas
Entidades Pertencem à uma linha de trabalhadores espirituais que busca seu
espaço próprio pela força que demonstram em termos de caridade e serviços a
humanidade. Seus préstimos são valiosas contribuições no campo do bem-estar
pessoal e social, saúde, equilíbrio físico, mental e espiritual, e tem seu
alicerce em entidades conhecidas popularmente como "encantadas".
São
entidades que há pouco tempo ganharam força dentro dos rituais da Umbanda .
Erroneamente no começo eram confundidos com entidades espirituais que vinham na
linha dos Exus, tal confusão se dava por algumas ciganas se apresentarem como
Cigana das Almas, Cigana do Cruzeiro ou nomes semelhantes a esses utilizados por
Exús e Pombos-Gira.
Hoje, o
culto está mais difundido, se sabe e se conhece mais coisas sobre essas
entidades, chegando algumas casas a terem um ou mais dias específicos para o
culto aos espíritos ciganos.
Não tem na
Umbanda o seu alicerce espiritual, como dissemos; Amor incondicional à proteção
da natureza. Encontraram na Umbanda um lugar quase ideal para suas práticas por
uma necessidade lógica de trabalho e caridade. Na Umbanda passaram a se
identificar com os toques dos atabaques, com os pontos cantados em sua homenagem
e com algumas das oferendas que são entregues às outras entidades cultuadas pela
Umbanda. Encontraram lá, na Umbanda, uma maneira mais rápida de se adaptarem a
cultos e é por isso que hoje é onde mais se identificam e se
apresentam.
São
entidades oriundas de um povo muito rico de histórias e lendas, foram na maioria
andarilhos que viveram nos séculos XIII, XIV, XV e XVI.
Tem na sua
origem o trabalho com a natureza, a subsistência através do que plantavam e o
desapego as coisas materiais. Dentro da Umbanda seus fundamentos são simples,
não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força
espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças com vinho
ou com água, doces finos e frutas solares. Trabalham também com as energias do
Oriente, com cristais, incensos, pedras energéticas, com as cores, com os quatro
sagrados elementos da natureza e se utilizam exclusivamente de magia branca
natural, como banhos e chás elaborados exclusivamente com ervas.
Diferentemente
do que pensamos e aprendemos, raramente são incorporadas, preferindo trabalhar
encostadas e são entidades que devem ser cultuadas na direita, pois quando há
necessidade de realizarem qualquer trabalho na esquerda, são elas que se
incumbem de comandar as entidades ciganas que trabalham para este fim, por isso,
não precisam de assentamentos. Por isso tudo fica evidenciado que são entidades
que trabalham exclusivamente para o bem. Santa Sara Kali é sua orientadora para
o bom andamento das missões espirituais. Não devemos confundir tal fato com
Sincretismos, pois Santa Sarah é tida como orientadora espiritual e não como
patrona ou imagem de algum sincretismo.
Ciganos na
Umbanda são espíritos desencarnados homens e mulheres que pertenceram ao povo
cigano . Os ciganos em geral, tem seus rituais específicos e cultuam muito a
natureza, os astros e ancestrais. A santa protetora do povo cigano é "Santa Sara
Cali". Dentro da Umbanda , trabalham para o progresso financeiro e para as
causas amorosas. Cheios de simpatias espirituais, os espíritos ciganos trabalham
para a cura de doenças espirituais. Os ciganos, dentro da ritualística
umbandista, falam a língua "portunhol", alguns, poucos, falam o romanês , língua
original dos ciganos. As incorporações acontecem geralmente em linha própria,
mas nada impede que eles possam a vir trabalhar na linha de Exú .
São muito
altivos, assertivos no que falam, seguros de si, do que enxergam e acreditam. É
um povo de muita fé e credibilidade. De muito domínio e poder. São donos de uma
sensualidade natural e nunca barata, envolventes pelo alto nível de carisma e
amor ao próximo. Estão sempre prontos a auxiliar aqueles que o invocam e
necessitam de sua ajuda. São exímios apreciadores de licores, vinhos, ouro,
prata, tecidos, amantes da arte, donos de uma sensibilidade ímpar. Muitos são
clarividentes natos e muito zelosos com aqueles que estimam.
Dentro da
Umbanda se tem muitas vezes um desacordo entre o entendimento no que se refere a
Ciganos e Ciganas do Oriente e Exús Ciganos e Pombo Gira Ciganas. Na verdade
tanto os Ciganos ditos do Oriente e os Ciganos ditos das linhas de esquerda
(Exús e Pombo Giras), tiveram em sua vida terrena a mesma concepção regrada
pelos preceitos ciganos, contudo os que chamamos hoje dentro da Umbanda como os
"Ciganos do Oriente", refere-se aos Ciganos que por toda a vida encarnada se
fizeram membros de um clã, sem abandonar esse grupamento, vivendo assim toda a
encarnação dentro dos preceitos desse clã, e os que conhecemos dentro da Umbanda
como "Exús Ciganos" e Pombo Gira Ciganas", numa determinada época abandonaram
esses clãs e se aventuraram a conhecer outras culturas e outros povos,
aprendendo assim a não seguir somente as regras de um determinado
clã.
O Povo
Cigano dentro da Umbanda, independente de vir dos preceitos dos clãs ou fora
deles, é um povo caridoso que devemos respeitar e sentir orgulho quando esses
nos tornam protegidos e guardados por eles.
Oração de
Santa Sara Kali
Santa Sara,
minha protetora, cubra-me com seu manto celestial. Afaste as negatividades que
porventura estejam querendo me atingir.
Santa Sara,
protetora dos ciganos, sempre que estivermos nas estradas do mundo, proteja-nos
e ilumine nossas caminhadas. Santa Sara, pela força das águas, pela
força
da
Mãe-Natureza, esteja sempre ao nosso lado com seus mistérios.
Nós, filhos
dos ventos, das estrelas, da Lua cheia e do Pai, só pedimos a sua proteção
contra os inimigos.
Santa Sara,
ilumine nossas vidas com seu poder celestial, para que tenhamos um presente e um
futuro tão brilhantes, como são os brilhos dos cristais.
Santa Sara,
ajude os necessitados; dê luz para os que vivem na escuridão, saúde para os que
estão enfermos, arrependimento para os culpados e paz para os
intranquilos.
Santa Sara,
que o seu raio de paz, de saúde e de amor possa entrar em cada lar, neste
momento.
Santa Sara,
dê esperança de dias melhores para essa humanidade tão sofrida. Santa Sara
milagrosa, protetora do povo cigano, abençoe a todos nós, que somos
filhos
do mesmo
Deus.
Que assim
seja!!!
Salve nosso
Povo Cigano, Salve Santa Sara Kali.
Apchá,
ARRIBA MEU POVO CIGANO!!!
(Fonte: Luz
de Umbanda).
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