segunda-feira, 5 de junho de 2017

TAO



TAO – A SABEDORIA DO SILÊNCIO INTERNO O Segredo •

Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja
breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, deixa sair uma
parte do seu Chi (energia). Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem
perder energia.

Nunca faça promessas que não possa cumprir. Não se
queixe, nem utilize palavras que projetem imagens negativas, porque se
reproduzirá ao seu redor tudo o que tenha fabricado com as suas palavras
carregadas de Chi.

Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer,
é melhor não dizer nada. Aprenda a ser como um espelho: observe e reflita a
energia. O Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu,
porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações,
e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes
circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.
 
Se se identifica com o êxito, terá êxito. Se se
identifica com o fracasso, terá fracasso. Assim, podemos observar que as
circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo
da nossa conversa interna. Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo
a energia sem emoções densas e sem preconceitos.
 
Porque, sendo como um espelho, com o poder mental
tranquilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com as suas
opiniões pessoais, e evitando reações emocionais excessivas, tem oportunidade de
uma comunicação sincera e fluída.

Não se dê demasiada importância, e seja humilde,
pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna
prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões. Seja
discreto, preserve a sua vida íntima. Desta forma libertar-se-á da opinião dos
outros e terá uma vida tranquila e benevolente invisível, misteriosa,
indefinível, insondável como o TAO.

Não entre em competição com os demais, a terra que
nos nutre dá-nos o necessário. Ajude o próximo a perceber as suas próprias
virtudes e qualidades, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego
cresça e, inevitavelmente, crie conflitos. Tenha confiança em si mesmo. Preserve
a sua paz interior, evitando entrar na provação e nas trapaças dos outros. Não
se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência
profunda da situação.

Tenha um momento de silêncio interno para
considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão. Assim desenvolverá
a confiança em si mesmo e a Sabedoria. Se realmente há algo que não sabe, ou
para que não tenha resposta, aceite o fato. Não saber é muito incómodo para o
ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito
pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que
sabe.

Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos
seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a
dualidade. Cada vez que julga alguém, a única coisa que faz é expressar a sua
opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma
maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.


O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra. Tudo o
que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo. Deixe
que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria
vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda. Quando tenta defender-se, está a dar
demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão
deles.

Se aceita não se defender, mostra que as opiniões
dos demais não o afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de
os convencer para ser feliz. O seu silêncio interno torna-o impassível. Faça uso
regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o
tempo todo.

Pratique a arte de não falar. Tome algumas horas
para se abster de falar. Este é um exercício excelente para conhecer e aprender
o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO.
Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira
natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a
luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.
 
Graças a essa força, atrairá para si tudo o que
necessita para a sua própria realização e completa libertação. Porém, tem que
ter cuidado para que o ego não se infiltre… O Poder permanece quando o ego se
mantém tranquilo e em silêncio. Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este
converter-se-á num veneno, que o envenenará rapidamente.
 
Fique em silêncio, cultive o seu próprio poder
interno. Respeite a vida de tudo o que existe no mundo. Não force, manipule ou
controle o próximo. Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o
que têm a capacidade de ser. Por outras palavras, viva seguindo a via sagrada do
TAO.


FILOSOFIA
EM TOM MAIOR – ACÚSTICA

Toda força se expressa em um plano ao qual é indissociável. Como o som
precisa de um meio para se propagar, uma força de precisa de uma relação por
onde se estender. Da mesma forma que não há som no vácuo, não há força sem
relação. Um acontecimento, isto é, uma transformação no tecido de forças de um
mesmo plano depende de um deslocamento. O lugar de um acontecimento é tão
importante quanto o próprio acontecimento. Ou melhor, não há acontecimento à
parte de um lugar que o acompanhe e que o dê forma.

Um
bom som, com altura definida, timbre singular é uma verdadeira força ativa.
Fruto da mais alta atividade criativa, uma força dominante. Já a Acústica é uma
questão reativa. Ela reage ao som que recebe. A história da humanidade é também
uma história do mal cultivo das forças reativas. A música aprendeu que não há
bom som sem um espaço adequado, ou seja, não há corpos sadios sem um bom cultivo
das forças reativas. Nem só de forças ativas sobrevive um corpo. É preciso que
as forças de conservação estejam em seus devidos lugares. É necessária uma
ciência para as elas, precisamos bem dispô-las para que elas não acabem contra
nós.
Sem
um bom ambiente, não há possibilidade de consistência. Um som não se mantém em
propagação sozinho: há uma física dos reflexos, da absorção e da difusão. Uma
combinação dessas técnicas produz o lugar adequado das forças. Produz mesmo uma
nova força, uma força ambiente, uma tendência de organização. O caos caotiza,
ele desfaz toda consistência, lembram-nos Deleuze e Guattari. A arte (bem como a
ciência e a filosofia) enfrenta o caos sem deixar de ser sua filha. Ela
invoca o caos por meio de objetos finitos para afirmar dele o infinito, eis sua
grandeza.
A
Acústica é o princípio de organização sem o qual nós não conseguimos enfrentar o
caos. É o bom trato das forças reativas. É a resistência à tendência destruidora
das forças caotizantes. É o cuidado de si no seu sentido reacionário. Digamos
mais uma vez, um corpo não vive apenas com forças ativas. É necessário aprender
a lidar com a reatividade. A Acústica é uma arte das defesas. A atenção de um
corpo com o vital, o necessário, o inevitável; só assim é possível criar,
produzir o inédito, o acontecimento.
Jackson Pollock, 1941Jackson Pollock, 1941
São
três técnicas que fazem da Acústica uma soberana da reatividade:

  1. A Reflexão é o endurecimento. É
    uma imposição de limites. O que não devemos deixar passar? Quando devemos abrir
    os poros e quando os devemos fechar? O esquecimento é uma técnica reflexiva.
    Esta técnica é capaz de propagar as forças com a mesma intensidade, mas em outra
    direção.
  2. A Absorção é o oposto. É uma
    suspensão de limites. Mas é também uma técnica dos excessos. Àquilo que passa,
    perguntamos: o que excede? O que pode-se capturar do que nos atravessa? É a
    honestidade que se impõe ao dadivoso. Tomamos de empréstimo o plus de força para
    que nos tornemos também potentes.
  3. A Difusão é o disfarce. Não se
    pode devir-imperceptível sem difusão. A difusão se complementa à
    reflexão, mas de modo disforme. Ela é metamórfica. Capacidade de transformação
    das forças que recebe. O camaleão é um difusor. Não dominaremos as forças
    reativas se não soubermos passar ao largo de alguma delas.
As
três técnicas estão numa relação de resistência à negação, que é o verdadeiro
perigo das forças reativas. A negação somada à reatividade produz a vida niilista, fraca, impotente. Ressentimento, Má Consciência
e Ideais Ascéticos são forças reativas que produzem verdadeiras armadilhas. É
sempre triste quando essas forças estão no comando.
As
técnicas da Acústica se opõe justamente às três forças da negação:

  1. Absorção e Ressentimento são
    forças reativas em sentidos opostos. O espaço do ressentimento é o da memória, o
    da preservação. Onde o tempo se suspende em assuntos de peso infinito. Uma
    inflamação no centro da alma. A incapacidade de absorver, de esquecer, de deixar
    passar gera o ódio ao ativo. O som quer atravessar, saber ser afetado de alegria
    é para poucos. O esquecimento é também uma capacidade de absorção.
  2. Reflexão e
    Consciência
    são forças reativas em sentidos opostos. A culpa só atinge
    àquele que não sabe se blindar. Tornar-se uma superfície dura é importante. Não
    absorver, não se deixar afetar por forças dominadoras e negativas. Ser um
    espelho para as representações que nos impõe de fora. Há forças reativas que
    devem ser repelidas. Saber rebater, se defender usando a força contra ela mesma.
  3. Difusão e Ideais
    Ascéticos
    são forças reativas de sentidos opostos. Esfacelar os ídolos,
    quebrantar os padres é a força da difusão. Multiplicar as verdades,
    devir-mutagênico. A difusão é a verdadeira técnica de apoio da transvaloração.
    Transformar um em múltiplo. Criar um sem número de novos harmônicos para cada um
    recebido. Espalhar-se como rizoma para cobrir melhor todo o ambiente faz com que os
    ideais não tenham porta de entrada.
Quem
é o mestre da Acústica? Aquele que cultiva o melhor ambiente. Onde o som pode
tomar-se em livre curso. Atravessando, rebatendo, difundindo as forças reativas.
Produzir o melhor timbre depende disso tanto quanto do instrumento que o produz.
Um corpo só alcança a vida ativa tendo sobre rédeas curtas as forças reativas,
tendo o ambiente em suas mãos, ouvindo os predadores, observando os movimentos,
sentindo as variações na pele.


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