Até não muito tempo atrás - e para muitos isso ainda dura até hoje - as funções eram divididas pelo gênero: a função considerada paterna ficava com os homens e a função vista como materna ficava com a mulher. Em geral, o pai era aquele que colocava as regras, os limites, orientava profissionalmente, ao passo que a mãe cuidava de todo o aspecto da afetividade, cuidados do cotidiano, casa, comida, que levava e trazia a criança das escolas, etc. Hoje, porém, a coisa é bem diferente.
Então, na hora de analisar a questão "pai e mãe" no mapa de alguém, nós temos que imaginar que o pai pode ter sido outra pessoa. Ou seja, a função paterna pode ter sido exercida pela mãe. Vamos imaginar uma mãe que criou sozinha dois filhos. Talvez essas crianças tenham na mãe as duas funções. Esse entendimento é fundamental para começarmos a falar sobre a interpretação na astrologia de pai e mãe.
Pensando nisso, devemos refletir sobre essas funções. A função paterna representa o estabelecimento das regras do jogo. Vivemos num mundo em que é preciso ter lei, é preciso saber cumprir com as nossas obrigações e reconhecer nossos limites. Ao mesmo tempo, precisamos ter uma função feminina de acolhimento e de afeto, precisamos sentir a segurança de que ali eu posso contar com alguém que me ama.
Então, na verdade, a família é responsável por essas duas coisas. Hoje em dia, as mães estabelecem limites, têm autoridade sobre a criança, não ficam mais no clássico "pergunta pro seu pai". A mulher tem liberdade para tomar decisões, assim como o homem pode muito bem cuidar dessa criança sob o ponto de vista afetivo e também nutrir, alimentar, levar pra escola, trocar as fraldas, enfim...
Pensando agora astrologicamente, qual é o astro relacionado a essa função paterna? Esse pai chamado ideal, pai que leva a criança à consciência de aquilo que ela é, está relacionado à posição do Sol. Ali nós temos, em cada um de nós, como nós reconhecemos a autoridade. É muito importante aprendermos a lidar com a autoridade, e também com a vontade própria. A consciência de quem eu sou, a consciência de que eu sou alguém que tem uma singularidade e que não depende tanto dos outros pra poder ser algo na vida. Então, essa função é chamada função do pai ideal, que é aquele que coloca pra criança a ideia de que existe autoridade, e que ela precisa adquirir autoridade sobre ela mesma para ter o comando de sua própria vida.
Existe outra função, chamada também função paterna, que seria mais o pai de carne e osso, que é o que dá limite. É aquele que diz "não vai sair hoje", "isso aqui não é legal fazer” “vai lavar a sua louça”. Essa função, que é a função de estabelecer limites, é fundamental pra criança não ficar no ego solar e achar que pode tudo, "eu sou dona da vida, eu faço o que eu bem entendo". O astro que vem ao contraponto disso é Saturno. Então, em todos os mapas, a análise de Sol e de Saturno nos dá uma ideia de como foi introjetada naquela pessoa a função paterna. O exercício e reconhecimento da autoridade por um lado e de reconhecimento de limites, por outro.
A função materna, por sua vez, é representada pela Lua. A Lua é o astro que tem a ver com a dinâmica afetiva familiar, aquela dinâmica que reúne as pessoas em torno do que eu chamo de lareira, do fogo da afetividade. Imaginemos uma casa com uma lareira dentro e aquecendo as almas. Essa é a função materna, aquecer as crianças de amor, de afeto e de cuidados. Essa criança precisa ser cuidada, precisa de um olhar de afetividade. E essa função, então, é reconhecida na posição da lua.
Temos também, nesse sentido, a importância da quarta casa do mapa astral, que é a casa relacionada à Lua. O signo e planeta que nela habitam também têm a ver com essa memória que carregamos de nossa formação afetiva e familiar. É ali que nós temos a ideia de lar, de casa, de aconchego, de acolhimento e ancestralidade.
Como falei acima, essas duas funções importantes, pai e mãe, não necessariamente estarão representadas pelo pai e mãe biológicos. Há mães que exercem a função de ambos, e qualquer um dos dois pode ainda estar muito bem representado na figura de um tio, de uma tia, avós, madrinhas e padrinhos, etc.
Portanto, ao analisar um mapa, o que precisamos fazer de fato é o reconhecimento desses dois papéis, para que se tenha um equilíbrio e possamos nos desenvolver com plenitude.
Um beijo grande,
Claudia lisboa
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