02
de Fevereiro - Dia de Yemanjá!!!!
Iemanjá,
a Deusa-Matriz da Criação
Iemanjá,
cujo nome deriva de “Yèyé Omo ejá” (Mãe de todos os peixes), é a Grande Mãe do
povo Egbá. Na África, os Egbá formam uma nação de idioma iorubá que vivia
outrora numa região entre Ifé e Ibadan. Nessa região, Iemanjá era adorada como o
orixá padroeiro, e na natureza seu santuário era o rio Yemojá, local sagrado
para seus fiéis, onde seu “axé” se assentava e emanava mais fortemente. Dali seu
poder se espalhava por toda parte, isto porque o rio, quando desaguava no mar,
levava o Axé de Iemanjá para os oceanos e irradiava o poder da deusa por todo o
planeta.
Depois,
em razão de guerras tribais, esse povo imigrou para Abeokutá, e como não podiam
transportar o rio consigo, levaram areia, cristais, seixos e outros objetos
sagrados que ele continha em seu leito. Carregaram tudo o que significava
suporte do axé (energia, poder) da sua deusa. O axé que transportaram eles
transferiram para o leito do rio Ogun (não confundir com o orixá que tem o mesmo
nome) que atravessa Abeokutá, o qual, desde então, para eles é a morada local de
Iemanjá.
Todos
os anos os fiéis africanos recolhem em jarras brancas as águas sagradas desse
rio para banhar-se e lavar o lugar onde está o assentamento na terra do axé da
deusa. Esse lugar é o templo a ela dedicado na vastidão da natureza. Depois eles
vão até uma fonte e enchem jarras; feito isto, seguem em procissão ao encontro
de outros fiéis que carregam estátuas de madeira representando Iemanjá como uma
linda mulher, e tocam tambores e outros instrumentos de percussão, dançando e
saudando aquela que para eles é a deusa-matriz da criação. O cortejo se dirige à
cidade e segue abençoando os moradores pelo caminho. O povo nas ruas saúda a
deusa com reverência e fervor, enquanto a procissão continua indo em direção ao
local onde a esperam as autoridades locais. Para os fiéis devotos de Iemanjá,
nesse dia a deusa oferece uma emanação abundante de bênçãos sobre a
humanidade.
Iemanjá
no Brasil
Quando
os iorubás vieram para o novo mundo, Iemanjá se tornou objeto de grande adoração
principalmente no Brasil e em Cuba. O culto a Iemanjá é muito forte entre
brasileiros e cubanos afro-descendentes ou não, e os adeptos da tradição a
reverenciam como a mãe de todos os Orixás, o princípio feminino gerador de vida,
da beleza, da abundância e da mutabilidade.
Pode-se
dizer que Iemanjá é o orixá mais popular no Brasil. Tanto na África quanto no
Brasil e em Cuba, ela representa o poder das águas como berçário da vida.
Iemanjá é reverenciada como o generoso e fértil útero do planeta, e também é
venerada como a Grande Mãe. O mar é o sagrado colo da deusa, que nutre e embala
seus filhos no berço das ondas do mar. Iemanjá é o orixá que atua na natureza
como a força que dá forma e anima a matéria, e que transforma energia material
em espiritual, e a espiritual em cósmica, e do éter manifesta a vida primordial
nas águas oceânicas. Iemanjá tem sob seu comando todos os elementais das águas
salgadas.
Aspectos
de Iemanjá
Na
Bahia, os iniciados no candomblé dizem que há sete aspectos de
Iemanjá:
Iemowô,
a esposa de Oxalá.
Iamassê,
a mãe de Xangô.
Ewá,
a mãe do mistério das águas profundas das regiões abissais.
Olossá,
a senhora da lagoa africana na qual deságuam os rios de Abeokutá.
Iemanjá
Ogunté, casada com Ogun Alagbedé (para alguns ela seria a mãe de
Ogun).
Iemanjá
Assabá, a fiandeira que tece os fios da trama da vida.
Iemanjá
Assessu, a deusa que rege tanto as águas doces como as águas salgadas, uma
energia feminina indomável, o aspecto mais misterioso e poderoso desse
orixá.
Representação
de Iemanjá
A
representação desse orixá na África é uma mulher madura, de grande beleza,
dotada de formas voluptuosas e seios fartos. Para eles, dos seios generosos de
Iemanjá jorra a água da vida. Aqui no Brasil ela é representada como uma linda e
jovem mulher com cabelos negros e longos, portando uma tiara na cabeça, com
muitas pérolas adornando seus cabelos, mãos e colo. Nas estátuas e gravuras, ela
está usando sempre um vestido azul claro salpicado de estrelas e peixinhos
dourados; o vestido desenha suas formas sinuosas.
Iemanjá
é uma energia feminina portadora de beleza, mistério, amor, sensualidade, poder,
generosidade, abundância, transformações, autoridade e respeito. É uma mãe
amorosa, zelosa e acolhedora, mas firme e disciplinadora ao mesmo
tempo.
O
arquétipo
O
arquétipo psicológico de Iemanjá é a delicadeza, a sensibilidade, o refinamento,
a beleza, a feminilidade, a força interior, a imponência, a renovação e a
transformação constante. Iemanjá não tolera desonestidade, maledicência, inveja,
mentira, dissimulação e traição. Nessa tradição, os filhos de cada orixá trazem
características dos seus deuses protetores. Os adeptos consagrados a Iemanjá são
belos e imponentes e também dotados de grande magnetismo e encanto. Eles chamam
a atenção de todos por onde passam. Também são francos e verdadeiros, primam
pelo caráter reto e abertura para o novo e desconhecido. Sejam homens ou
mulheres, têm sempre um comportamento ético, são gentis, delicados no trato,
fiéis, amorosos, refinados, dotados de discernimento e autoconfiança; mas, como
o mar, surpreendem, podendo mudar de ânimo de repente. Seus filhos se irritam
quando contrariados em seus princípios e podem agir
intempestivamente.
Oferenda
O
dia da semana dedicado a Iemanjá é o sábado. As suas cores são: branco, prata,
azul claro e cor de rosa. Suas filhas, quando incorporadas, usam roupas luxuosas
nas cores branco, azul claro e prata. Na cabeça portam uma coroa prateada com
uma estrela de 5 pontas desenhada em relevo; dessa coroa pende uma franja feita
de contas de cristal branco e azul que encobre o rosto da iaô. Na mão direita
elas carregam um “abebê” prateado (um tipo de espelho), no qual se olham
enquanto dançam movendo os braços e as cadeiras em movimentos ondulatórios, ora
lentos ou rápidos e vigorosos. Sua dança é solene, majestosa e graciosa. As
oferendas de comida são: milho branco cozido com mel, bolo de arroz com mel.
Animais consagrados à deusa: pata, galinha e cabra, todas brancas. No
sincretismo ela é identificada com Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora
das Candeias, variando de acordo com algumas regiões do país. Dia 2 de fevereiro
é o dia do ano dedicado a Iemanjá, quando lindos festejos acontecem em todo o
Brasil, especialmente em Salvador, Bahia. No dia 31 de dezembro no Brasil,
adeptos ou não costumam levar até o mar oferendas para Iemanjá. Entram no mar e
pulam 7 ondas antes de oferecer flores brancas, perfumes, espelhos e adereços à
deusa, para que ela os abençoe com saúde, amor e prosperidade. As casas de
candomblé e de umbanda se reúnem numa grande festa coletiva para saudar a deusa
Iemanjá, a rainha do mar.
A
saudação feita a esse orixá é: Odôiá! E Odô-Ífé-Iabá!
O
Mito de Iemanjá
Olokun
São
muitas as lendas sobre ela. Dentre tantas, existe uma nos versos de Ifá que diz:
Iemanjá era uma princesa muito linda e querida por seu pai, o poderoso senhor
das profundezas dos oceanos Olokun. O rei, zeloso de sua filha, queria para ela
o melhor. Quando apareceu Orumilá, senhor das adivinhações, como pretendente à
sua mão, Olokun concedeu de imediato, e esse foi o primeiro marido dela.
Separou-se de Orumilá devido seu temperamento inconstante e depois se casou com
Olofin, rei de Ifé, com quem teve 10 filhos. Porém, ela não tem paradeiro, está
sempre em transformação, e cansada de sua permanência em Ifé, foge. Olokun, seu
pai, sabendo do seu temperamento mutante e voluntarioso, havia entregue a ela,
por medida de precaução, uma garrafa com um preparado, recomendando-lhe que, se
encontrasse em enorme perigo, quebrasse a garrafa no chão.
Ela,
na fuga, encaminhou-se para o entardecer da Terra, o oeste. Olofin-Odudua mandou
o seu exército atrás dela. Quando Iemanjá se viu cercada, quebrou a garrafa e um
rio criou-se imediatamente, envolvendo-a e carregando-a cuidadosamente até o
oceano para junto de seu pai Olokun, de onde ela nunca mais saiu.
Iemanjá
dança eternamente nas águas do mar mostrando sua beleza, fascinando homens e
mulheres e fornecendo fartura de pesca aos homens do mar. É também a deusa do
amor e do encantamento. Como senhora das águas, segue sempre em movimento,
transformando e purificando nossas águas interiores, harmonizando nossas emoções
e protegendo seus filhos e desenhando novos caminhos no corpo da Mãe Terra pela
vida afora.
IEMANJÁ
Iemanjá,
Iemanjá
É
uma linda sereia
que
brinca na areia
nas
ondas do mar
Toda
semana
os
filhos de Umbanda
levam
flores brancas
para
o mar
Pra
mamãe Iemanjá,
Pra
mamãe Iemanjá!
PRECE
A BEM-AMADA MÃE YEMANJÁ
Por
Jane Ribeiro
Ave,
Estrela do Mar, Rainha da Águas, Mãe de todos os seres que navegam no imenso mar
da vida, olhai por nós.
Ave,
Sereia majestosa, que reflete nas águas puras e cristalinas dos oceanos e rios
toda a sabedoria do universo, olhai por nós.
Ave,
mãe Deusa, que lava nossos pensamentos e purifica nossas emoções, olhai por
nós.
Ave,
Mãe soberana das águas, que sustentam a vida neste planeta, olhai por
nós.
Ave,
Mãe de vestes azuis e coroa de pérola, cuja luz é a estrela guia que nos permite
ancorar no porto seguro da eterna bem-aventurança, olhai por nós.
Ave,
YeYé Omo Ya, Mãe Yemanjá, Mãe protetora e consoladora, Mãe dos sete nomes, sete
virtudes e sete forças, olhai por nós.
Olhai
por nós, Mãe Yemanjá, olhai por nós Grande Mãe, através desta face da Mãe
Cósmica que o povo africano escolheu para vós, e que nós brasileiros aprendemos
a amar e reverenciar, Bem Amada Mãe Yemanjá.”
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