Como
deveríamos tratar as pessoas com um caráter difícil?
Algumas
pessoas podem ser complicadas de conviver simplesmente porque representam um
desafio. Talvez sejam complicadas porque vivemos com elas (e a convivência
próxima amplia as rivalidades). Quem sabe seja difícil porque nós somos
complicados e há algo em nós que as irrita. Ou realmente são difíceis.
Seja
qual for o caso, podemos aprender a aceitar os inconvenientes, as incoerências e
as perturbações (da gente e dos acontecimentos) de nossa vida e vê-los não como
desconforto necessário, mas sim como presentes da vida.
A
escritora católica americana Heather King escreveu:
Quando
estamos abertos e receptivos a tudo o que o mundo tem para nos oferecer, e o
mundo inteiro nos instrui, então tudo ao nosso redor se ilumina por dentro. É
então que percebemos que tudo está, ou pode estar, conectado com nossa busca da
beleza e da ordem. Tudo “encaixa”: bonecas velhas, jornais em ruínas, botões
descartados; as pessoas difíceis.
Conseguir
enxergar pessoas difíceis de uma forma positiva pode ser pedir muito. Mas
podemos começar por aprender a tratar os demais de uma forma parecida como Jesus
fez.
As
Escrituras nos ensinam algumas das maneiras como Jesus tratou pessoas
difíceis:
1. Jesus faz perguntas
No
Capítulo 2 de Lucas, pedem a Jesus que resolva uma disputa familiar e Ele
basicamente responde, “Eu sou sua babá?” (eu sei, é uma tradução muito livre). É
interessante destacar que Jesus fazmuitas perguntas nas Escrituras. As
perguntas de Jesus às vezes eram retóricas, ou desafiantes, e outras vezes ele
também esperava respostas e opiniões. Ao fazer perguntas, Jesus enfatiza sua
atitude aberta para com o seu interlocutor.
É
curioso, mas nós não somos de fazer muitas perguntas. Damos consentimento,
palestras, damos lições, observamos, interrompemos e julgamos. Mas raras vezes
fazemos perguntas ao outro. Jesus, ao fazer perguntas frequentemente (creio que
estava modelando o comportamento de um bom comunicador), mostra o suficiente
interesse pela outra pessoa para iniciar e estimular uma conversa. Ainda mais,
quando são pessoas de difícil tratamento.
2. Jesus nunca se sente encurralado
No
Capítulo 6 de Lucas, Jesus está dando um passeio de sabbat (Sábado, entre o
judeus é o dia de festa dedicado ao culto divino)com seus discípulos, quando
aparecem os fariseus, como se tivessem saído do nada, e o acusam de quebrar
o sabbat. Jesus não se altera. Nunca se assusta com as pessoas que tentam
colocar um obstáculo ou que pensam o pior Dele, porque Ele não se importa com o
que os outros pensam.
Existem
ocasiões em que há pessoas que nos encurralam com suas presunções e críticas e
isso pode fazer-nos duvidar se a maneira que vemos é mais objetiva do que a
percepção que temos de nós mesmos. É duro quando os outros nos interpretam mal
ou não se esforçam em nos conhecer antes de nos julgar. Porém, tal como fazia
Jesus, não temos que nos sentir definidos pelas projeções que os outros têm de
nós. Nossa identidade habita em Deus e Nele devemos buscá-la, não no que as
outras pessoas tentam impor.
3. Jesus sabe quando ignorar
Lembra
quando Jesus irritou todos os antigos vizinhos e amigos de sua cidade natal,
Nazaré? Eles ficaram tão furiosos que decidiram atirá-lo de um penhasco. Jesus,
ao ver que essas pessoas não tinham razão, ignorou seu ódio, “passando pelo meio
deles, seguia seu caminho” (Lucas 4).
Algumas
vezes as pessoas difíceis têm acessos de raiva, falam com dureza ou abusam de
nós (uma maneira muito comum é na internet, por exemplo). É hora de desligar e
voltar. Jesus sabia manter sua pressão sanguínea sob controle e não desviava os
olhos de seu objetivo. Claro, se temos que falar as coisas claras para alguma
pessoa, uma boa discussão frente a frente pode ajudar. Mas melhor quando
seguramos os ânimos.
4. Jesus não se põe na defensiva
No
Capítulo 10 de Marcos, Tiago e João dizem a Jesus: “Mestre, queremos que nos
faças o que vamos te pedir”. Mas Jesus é independente, de modo que os favores
que os outros lhe pedem e os abusos de confiança não o ameaçam. Sabe quando
dizer não ou dizer sim, e não se castiga quando não faz os outros felizes.
Em
algumas ocasiões as pessoas podem pedir de nós mais do que podemos dar. Podem
tentar nos convencer fazendo-nos sentir culpados e antes de percebermos
estaremos satisfazendo um caprichoso ou um mandão (e mandar é um vício difícil
de satisfazer!). Mas Jesus não tenta agradar as pessoas. Jesus não precisa
proteger-se dos outros; a vontade de Deus é segurança suficiente. Esta é a
origem da sua defesa.
5. Jesus é flexível
Em
Mateus 15, uma mulher cananeia pede para Jesus curar sua filha, e Ele se recusa.
Mas, em seguida, comovido pela resposta da mulher, que demostra ter uma grande
fé, decide fazer a cura. Jesus se aproxima das pessoas com uma mente aberta.
Permite que o Espírito Santo o guie.
Quando
uma pessoa difícil se aproxima, pode passar pela nossa cabeça ‘Ótimo, vamos
começar’ ou ‘Eu já sei o que vai dizer’, mas Jesus mantém uma mente
aberta quando os outros se aproximam. Porque nunca se sabe.
É
possível que o Espírito Santo te guie, ou guie a alguém de caráter complexo, e
que atue de forma diferente, inesperada. O estar próximo dos outros nos aproxima
também do Espírito Santo, que trabalha dentro de nós e das outras pessoas.
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