A
VIDA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
A
VIDA DE SÃO FRANCISCO
NESTE
SÁBADO (1/10), às 10h: MEDITAÇÃO ESPECIAL E HOMENAGEM A SÃO FRANCISCO DE ASSIS,
na PAX!
Quem
foi São Francisco de Assis?
Nasce
Francisco, filho de Pedro e Dona Pica Bernardone, Francisco nasceu entre 1181 e
1182 , na cidade de Assis, Itália. Seu pai era um rico e próspero comerciante,
que seguidamente viajava para a França, de onde trazia a maior parte de suas
mercadorias.
Foi
de lá também que ele trouxe sua linda e bondosa esposa, Dona Pica. Foi batizado
em Santa Maria Maior (antiga catedral de São Rufino) com o nome de João
(Giovanni). Mas quando Pietro Bernardone voltou de uma viagem à França, mudou de
idéia e resolveu trocar o nome do filho para Francisco, prestando uma homenagem
àquela terra.
Sua
mãe era de origem provençal: as primeiras palavras ternas e afetuosas que o
menino ouviu foram francesas. Esta língua foi gravada no seu coração: assim,
afirmou o seu primeiro biógrafo, Tomás de Celano: “quando manifesta a sua
alegria, canta na doce língua dos trovadores da cavalheiresca
Provença”.
Segundo
a maioria dos biógrafos de São Francisco, os padres de São Jorge lhe deram
formação adequada e educação cristã. Mas o caráter e as qualidades melhores lhe
vieram da mãe: meiga e firme, cristã fervorosa, toda dedicada à
família.
Cedo,
o garoto Francisco aprendeu do pai a arte do comércio que manejava com
inteligência e proveito. Mas era um jovem alegre, amante da música e das festas
e, com muito dinheiro para gastar, tornou-se rapidamente um ídolo entre seus
companheiros. Adorava banquetes, noitadas de diversão e cantar serenatas para as
belas damas de sua cidade. Enfim, Francisco era o líder da juventude de sua
cidade.
Conflitos
entre Feudos e Comunas
A
Itália, como toda a Europa daquela época, vivia uma fase bastante conflitiva de
sua história, marcada pela passagem do sistema feudal (baseado na estabilidade,
na servidão e nas relações desiguais entre vassalos e suseranos) para o sistema
burguês, com o surgimento das “comunas” livres (pequenas cidades), com seu
comércio, artesanato e pequenas indústrias. Com o novo sistema, mudaram-se as
relações. O poder dos senhores feudais passou a ser questionado e enfrentado
pelos novos senhores, originários das comunas, a maioria deles constituída pelos
comerciantes mais abastados, a exemplo de Pedro Bernardone. Eram freqüentes
nesta época guerras e batalhas entre os senhores feudais e as emergentes
comunas. São conhecidas as lutas entre “maiores”, isto é, a nobreza e os
“minores”, vale dizer, a classe emergente.
Além
destas lutas, havia choques entre o Imperador, como a força civil do Sacro
Império, e o Papa, como chefe espiritual, misturando nesta luta os interesses,
de maneira que havia uma constante guerra, ora fria ora real. E a cidade de
Assis, por sua posição geográfica no entroncamento Alemanha-Roma, e por sua
importância comercial, trocava constantemente de “dono”: ora no alto de sua
fortaleza, a Rocca Maggiore, tremulava a bandeira do Papa, ora a do
Imperador.
Como
todo jovem ambicioso de sua época, Francisco desejava conquistar, além da
fortuna, também a fama e o título de nobreza. Para tal, fazia-se necessário
tornar-se herói em uma dessas freqüentes batalhas. No ano de 1201, incentivado
por seu pai, que também ansiava pela fama e nobreza, Francisco partiu para mais
uma guerra que os senhores feudais, baseados na vizinha cidade de Perúsia,
haviam declarado contra a Comuna de Assis.
Durante
os combates, em uma tarde de inverno, Francisco caiu prisioneiro, sendo levado
para a prisão de Perúgia, onde permaneceu longos e gelados meses. Para um jovem
cheio de vida como ele, a inércia da prisão deve ter sido especialmente
dolorosa! Somente seu espírito alegre, seu temperamento descontraído e seu gosto
pela música o salvaram do desespero. Encontrava ainda forças para reconfortar e
reanimar a seus companheiros de infortúnio.
Costumava
dizer, em tom de brincadeira para seus companheiros: “Como quereis, que eu fique
triste, sabendo que grandes coisas me esperam? O mundo inteiro ainda falará de
mim!”
Ao
término de um ano foi solto da prisão, retornando para Assis, onde se entregou
novamente aos saudosos divertimentos da juventude e às atividades na casa
comercial de seu pai.
O
Início da Conversão
O
clima insalubre da prisão, agravado pelos prolongados meses de inverno,
haviam-lhe enfraquecido o organismo, provocando agora uma grave enfermidade.
Depois de longos meses de sofrimento, sem poder sair da cama, finalmente
conseguiu melhorar.
Ao
levantar-se, porém, não era mais o mesmo Francisco. Sentiu-se diferente, sem
poder compreender o porquê. A verdade é que a humilhação e o sofrimento da
prisão, somados ao enfraquecimento causado pela doença, provocaram profundas
mudanças no jovem Francisco.
Foi
o caminho que Deus escolheu para entrar mais profundamente em sua vida. Já não
sentia mais prazer nas cantigas e banquetes em companhia dos amigos. Começou a
perceber a leviandade dos prazeres puramente terrenos, embora ainda não buscasse
a Deus. Na verdade, Francisco não nasceu santo, mas lutou muito para se tornar
santo!
No
livro “Francisco”, o autor Gianmaria Polidoro (Editora Vozes) lembra que entre
1202 e 1205 encontramos um Francisco inquieto. Não é apenas a consequência de
uma doença longa e misteriosa. É a inquietude de quem está incerto quanto ao
rumo a dar à própria vida e se põe em estado de busca. Não sabe precisamente
onde quer terminar, mas sente que, ao longe, um futuro desconhecido o
chama.
Foi
nessa época que começou a pensar um pouco sobre a vida de cavaleiro. Era o tempo
das cruzadas, das lutas especiais, dos cantos trovadorescos de Orlando de
Ronscisvale. Tornar-se cavaleiro? Poderia ser uma ideia.
Mais
uma guerra
Francisco
havia perdido o gosto pelos prazeres mundanos, mas conservava ainda a ambição da
fama. Por esse motivo, sonhava com a glória das armas e a nobreza, que se
conquistavam nos campos de batalha. Por isso, aderiu prontamente ao exército que
o Conde Gentile de Assis estava organizando para ajudar o Papa Inocêncio III na
defesa dos interesses da Igreja. Contou para isso com a aprovação entusiasmada
do pai, que vislumbrava aí a oportunidade tão longamente esperada de enobrecer
sua família. Deus, porém, lhe reservava algumas surpresas …
Antes
de partir, num impulso de generosidade, Francisco cedeu a um amigo mais pobre os
ricos trajes e a armadura caríssima que havia preparado para si.
Partiu
de Assis, entre aplausos dos assisienses, esfusiante de entusiasmo. Mas não foi
longe. Já na cidade de Espoleto, ele e os companheiros pararam para pernoitar.
Na hora da retomada da marcha, sintomas de febre fizeram com que Francisco não
pudesse partir. Foi, então, que teve uma experiência modificante de sua vida.
Pensou ter ouvido a voz do Senhor, com quem dialogou:
–
Francisco, o que é mais importante, servir ao Senhor ou servir ao
servo?
–
Servir ao Senhor, é claro – respondeu o jovem.
–
Então, por que te alistas nas fileiras do servo?
–
Senhor, o que quereis que eu faça?
–
Volta a Assis – lhe diz a voz – e ali te será dito.
Retorno
a Assis
Desafiando
os sorrisos de desdém dos vizinhos e a cólera de Pedro Bernardone, contrariado
em seus projetos, Francisco retornou a Assis, dando prova da energia de seu
caráter e do valor do seu ânimo, virtudes que se mostrariam valiosas mais tarde
nos percalços de seu novo caminho.
Começou
a longa busca e a longa espera: “O que Deus quer de mim? O que Ele quer que eu
faça?” Era esse o constante questionamento de Francisco.
Sentia
um vazio dentro de si, que as festas, farras, bebedeiras e guerras não
conseguiam mais preencher. Estava inquieto e insatisfeito, mas não sabia bem por
quê.
Em
vão tentaram seus amigos atraí-lo outra vez para suas diversões, banquetes e
trovas. Até o fizeram coroar, durante uma festa, como o “Rei da Juventude”, mas
nada disso o comoveu. Já não era isso que o atraía. Sua busca era outra
…
Para
tentar desvendar os desígnios de Deus, passou a se dedicar à oração e à
meditação. Percorria campos e florestas em busca de lugares mais tranquilos, em
busca de respostas para suas dúvidas e inquietações. Para ele, tudo passou a ter
outro sentido. Passou a enxergar as coisas com outros olhos e outro
coração.
Viagem
a Roma
Em
busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano de 1205. Visitou a
tumba do Apóstolo São Pedro e, indignado pelo que viu, exclamou: “É uma vergonha
que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!” E jogou um
grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas de outros
fiéis menos generosos.
A
seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez sua primeira
experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se
ainda mais à oração e ao silêncio.
Frequenta
sempre mais os ermos perto de São Damião, pequena e mal conservada igreja do
campo, a meio caminho na estrada que de Assis desde para a planície, até a
estrada que vai para a França.
A
família e os amigos estavam preocupados com o jovem Francisco: o que lhe estaria
acontecendo? Será que ainda estava em pleno juízo? Seu pai, então, não se
conformava! Não era isso que ele tinha sonhado para seu filho! Indignado,
forçava-o a trabalhar cada vez mais em seu estabelecimento
comercial.
Era
o ano de 1205!
O
beijo no leproso
Segundo
o escritor Gianmaria Polidoro, em “Francisco” (Vozes), entre os anos de 1205 e
1206, não sabemos qual de dois grandes acontecimentos tenha tido a precedência
na perturbação da calma eremítica de Francisco, sempre pensativo quanto ao
caminho a seguir. Não foi através da meditação que descobriu a estrada certa.
Encontrou-a diante de si no exato momento em que se viu envolvido por duas
extraordinárias experiências que lhe abriram um horizonte excitante: o encontro
com o leproso na planície de Assis e a voz do Crucifixo que lhe falou em São
Damião.
Em
1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que sempre lhe
parecera um ser horripilante, repugnante à vista e ao olfato, cuja presença
sempre lhe havia causado invencível nojo.
Mas,
então, como que movido por uma força superior, apeou do cavalo, e, colocando
naquelas mãos sangrentas seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo de amizade.
Talvez a motivação para este nobre e significativo gesto tenha sido a recordação
daquela frase do Evangelho: “Tudo o que fizerdes ao menor de meus irmãos, é a
mim que o fazeis” (Mt 10,42).
Falando
depois a respeito desse momento, ele diz: “O que antes me era amargo, mudou-se
então em doçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do
mundo e entregar-me a Deus”.
O
Crucifixo de São Damião
Pouco
depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São Damião,
semidestruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo,
que a piedade popular ali venerava, quando uma voz, saída do crucifixo, lhe
falou: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em
ruínas”.
Não
percebendo o alcance desse chamado e vendo que aquela Igrejinha estava
precisando de urgente reforma, Francisco regressou a Assis, tomou da loja
paterna um grande fardo de fina fazenda e vendeu-a. Retornando, colocou o
dinheiro nas mãos do sacerdote de São Damião, oferecendo-se para ajudá-lo na
reconstrução da capela com suas próprias mãos. Conhecendo o caráter de Pedro
Bernardone, é fácil imaginar sua cólera ao ver desfalcada sua casa comercial e
perdido o seu dinheiro.
Não
bastava já o desfalque que dava ao entregar gratuitamente mercadorias e
alimentação para os necessitados? Agora mais essa! E Francisco teve que se
esconder da fúria paterna. Certo dia saiu resolutamente a mendigar o sustento de
porta em porta na cidade de Assis.
Para
Bernardone isso já era demais! Como podia ele envergonhar de tal forma sua
família? Se seu filho havia perdido o juízo, era necessário encarcerá-lo! Assim,
Francisco experimentou mais uma vez o cativeiro, desta feita num escuro cubículo
debaixo da escada da própria casa paterna. Pelo que sabemos, depois de alguns
dias, movida pela compaixão, sua mãe abriu-lhe às escondidas a porta e o deixou
partir livremente para seguir o seu destino.
Uma
decisão corajosa
Ao
final de 1206, Pedro Bernardone, convencido de que nem as razões nem a força
podiam torcer o ânimo de Francisco, decidiu recorrer ao Bispo, instaurando-se um
julgamento como nunca aconteceu na história de outro santo. O palco do
julgamento foi a própria Praça Comunal de Assis, bem à vista de
todos.
Bernardone
exigiu que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele. Francisco, ciente
da sentença de Cristo: “Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais que a Mim, não é
digno de Mim” (Mt 19,29), sem vacilar um momento se despojou de tudo até ficar
nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: “Até agora
chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai
Celeste”.
O
Bispo, então, o acolheu, envolvendo-o com seu manto. Daquele momento em diante,
cantando “Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo”, afastou-se de sua família e
de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, tratando de suas feridas,
e à reconstrução das Capelas e Oratórios que cercavam a cidade.
Cada
dia percorria as ruas mendigando seu pão e convidando as pessoas para que
contribuíssem com pedras e trabalho na restauração das “Casas de Deus” que
estavam em ruínas.
O
louco de Assis
De
alguns recebia apoio e incentivo. De muitos, o desprezo e a zombaria. No
entender da maioria, o filho de Pedro Bernardone havia perdido completamente o
juízo! E não só a garotada da cidade escarnecia dele, chamando-o de louco e
outros qualificativos menos nobres.
Mais
de uma vez sentiu-se tentado a voltar atrás, quando chegava à porta de seus
antigos amigos; mas saía vitorioso nessas lutas entre o orgulho humano e o
próprio ideal. Já alguns começaram a reconhecer nele traços do futuro santo,
embora ele mesmo ainda não conhecesse claramente sua vocação.
Estava
já terminando a restauração da última Igrejinha da redondeza, a capelinha de
Santa Maria dos Anjos (na foto abaixo) e perguntava-se o que faria depois. O que
mais lhe pediria Deus? Não havia entendido ainda que a Igreja que devia
restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na
época pelas divisões, heresias e pelo apego de seus líderes às riquezas e ao
poder. Devia ser aquele o ano de 1209.
Certo
dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da
passagem em que Cristo instruía seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo,
“sem túnicas, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso …”
(Lc 9,3).
Tais
palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E
exclamou, cheio de alegria: “É isso precisamente o que eu quero! É isso que
desejo de todo o coração!” E sem demora começou a viver, como o faria em toda a
sua vida, a pura letra do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde,
também para seus companheiros: “Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo”!
Os
primeiros seguidores
A
partir daquele dia, Francisco iniciou sua vida de pregador itinerante,
percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras simples, o Evangelho
de Cristo.
Em
documento algum consta que Francisco, depois de ouvir o Evangelho na
Porciúncula, tenha saído à procura de seguidores. Não tinha a mínima intenção,
nem mesmo a idéia, de inventar uma comunidade.
Muitos
começaram, enfim, a compreender o sentido dessa vida e manifestaram o desejo de
seguí-la. O primeiro foi um homem rico de Assis, Bernardo de
Quintaval.
Bernardo
era uma pessoa sensível à voz da consciência, mas também um homem muito prático.
Inquietou-se com a vida de Francisco; no entanto, antes de se pronunciar quis
estudar o homem. Convidou-o à sua casa com veneração e amizade; uma casa que,
nas suas estruturas externas, pode ser vista ainda hoje na rua que leva o seu
nome: Rua Bernardo de Quintavalle. Mais de uma vez convidou Francisco para
visitá-lo. Depois dessas visitas, teve a certeza de que o filho de Pedro de
Bernardone não era louco nem embusteiro.
Ao
perguntar para Francisco: “O que devo fazer para seguir-te”?, este decidiu, como
em todos os momentos decisivos de sua vida, recorrer ao Evangelho para que o
próprio Cristo lhes desse a resposta.
O
caminho do evangelho
De
manhã, bem cedo, foram ambos à missa. Pelo caminho juntou-se aos dois Pedro de
Catânia, doutor em Direito e novo companheiro. Por três vezes abriram o livro do
Evangelho, e as três respostas que encontraram foram as
seguintes:
“Se
queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres. Depois vem e segue-me”
(Mt 19,21).
“Não
leveis nada pelo caminho, nem bastão, nem alforge, nem uma segunda túnica…” (Lc
9,3).
“Se
alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e
siga-me” (Mt 16,24).
“Isto
é o que devemos fazer, e é o que farão todos quantos quiserem vir conosco” –
exclamou Francisco, que subitamente viu brilhar uma luz sobre o caminho que ele
e seus companheiros deveriam seguir. Finalmente encontrou o que por tanto tempo
havia procurado! Isto aconteceu a 24 de fevereiro de 1208, dando início à
fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores.
No
mesmo dia, Bernardo de Quintaval vendeu todos os seus bens e repartiu o dinheiro
entre os pobres de Assis.
O
primeiro sacerdote fransciscano
O
exemplo de Bernardo produziu frutos. O primeiro é o sacerdote Silvestre, que
exclamou comovido: “Como posso eu, sacerdote e velho, ser menos generoso que
estes jovens e ricos?” E, sem mais, lançou-se com eles na aventura de viver o
Evangelho. Tornou-se, assim, o primeiro sacerdote da Ordem
Franciscana!
Prontamente
aderiram outros: Gil, um modesto lavrador que se tornaria um grande santo;
Morico, dedicado ao serviço dos leprosos; Bárbaro, futuro missionário no
Oriente; Sabatino, Bernardo de Viridiante, João de Constança, Ângelo, da ilustre
família dos Tancredo, aparentado com reis e príncipes; Felipe, grande pregador;
e muitos outros…
Juntos,
formaram um grupo de mendigos voluntários (daí o adjetivo de Ordem Mendicante
dado à Ordem Francicana), que trabalhavam e rezavam, cantavam e pregavam,
maravilhando o povo com a novidade do Evangelho sendo vivido diante de seus
próprios olhos. Algumas choupanas cobertas de folhagem, no pitoresco vale do
Rivotorto, serviam-lhes de modesto abrigo.
A
aprovação da Igreja
No
ano de 1209, Francisco e seus seguidores viajaram até Roma para buscar a
aprovação do Papa para o seu modo de vida. Mas como aquele bando de mendigos,
maltrapilhos e desconhecidos seria recebido pelo severo Inocêncio III? Francisco
rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o estava conduzindo? Por
coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma, nessa ocasião, o
Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa os
recebeu.
Inocêncio
III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo e, especialmente,
com a figura de Francisco, a clareza de sua opção e a firmeza que demonstrava.
Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando as colunas da
Igreja de Latrão (a igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!), que ameaçava
ruir. O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a viver
radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja, naquele tempo tão
distanciada dos ensinamentos de Cristo! Por isso deu a seu modo de viver o
Evangelho a aprovação oficial da Igreja. Autorizou Francisco e seus seguidores a
pregar o Evangelho nas igrejas e fora delas e os despediu com sua
bênção.
Em
1212, 18-19 de março, na noite de domingos de Ramos, a nobre Clara di Favarone
foge de casa e é recebida na Porciúncula. Em 1217, no dia 5 de maio, realiza-se
o Capítulo Geral de Pentecostes na Porciúncula. Primeira missão para além dos
Alpes e ultramarina. É feita a instituição de províncias.
Em 1219, no outono (setembro-dezembro), Francisco vai ao acampamento do sultão do Egito, Melek-el-Kamel (1218-38), e tem “entrevista”com ele.
O movimento franciscano cresce e Francisco entrega o governo da Ordem a Frei Pedro Cattani em 1220.
Em 1219, no outono (setembro-dezembro), Francisco vai ao acampamento do sultão do Egito, Melek-el-Kamel (1218-38), e tem “entrevista”com ele.
O movimento franciscano cresce e Francisco entrega o governo da Ordem a Frei Pedro Cattani em 1220.
Em
1224, no período de 15 de agosto a 29 de setembro, Francisco, com Frei Leão e
Frei Rufino, passa no Alverne, preparando-se com uma quaresma de oração e jejum
para a festa de São Miguel Arcanjo. Em setembro, tem a visão do Serafim alado e
recebe os estigmas.
Seu estado de saúde piora muito a partir deste ano. Era final de agosto, em 1226, pede para ser levado à Porciúncula. Chegado à planície, lança sua bênção sobre Assis. Nos últimos dias de vida, dita o Testamento, autotestemunho de incalculável valor para a vida e os propósitos de homem tão singular.
Seu estado de saúde piora muito a partir deste ano. Era final de agosto, em 1226, pede para ser levado à Porciúncula. Chegado à planície, lança sua bênção sobre Assis. Nos últimos dias de vida, dita o Testamento, autotestemunho de incalculável valor para a vida e os propósitos de homem tão singular.
No
dia 3 de outubro, à tarde, Francisco, morreu cantando “mortem suscepit”. No
domingo seguinte, 4 de outubro, é sepultado na igreja de São Jorge, na cidade de
Assis, mas o cortejo fúnebre passou antes pelo mosteiro das Clarissas. No dia 16
de julho de 1228, Francisco foi canonizado (Fonte: OFM).
São
Francisco de Assis e o Dia Mundial dos Animais
O
dia 04 de outubro é um dia muito especial para os amantes dos animais. Nesta
data, os nossos pequenos companheiros são lembrados e prestigiados. Não tem como
falar em animais e esquecer o seu padroeiro: São Francisco de
Assis.
A
história de vida de São Francisco de Assis é uma das mais bonitas. Nascido na
Úmbria (perto de Assis), Itália, em 1182, seu nome era Francisco Bernardone.
Filho de um rico comerciante de tecidos, teve uma adolescência fútil, vivendo na companhia de
boêmios e, por isso, aos 20 anos foi aprisionado. Depois de libertado, voltou à
boêmia, porém gradativamente foi sentindo desinteresse pela vida de
farras.
Foi
aos 26 anos que a sua vida mudou. O jovem Francisco entrou na igreja de São
Damião, praticamente arruinada, e lá teve a visão de Jesus Cristo. Conta-se que
Jesus lhe pediu que restaurasse a pequena igreja. Tomado pela fé, Francisco
vende todas as mercadorias da loja de seu pai e utiliza o dinheiro para
reconstruir o pequeno santuário.
A
partir daí, Francisco passou a dar o que comer e vestir aos pobres, despertando
a fúria de seu pai, que o deserdou. Neste momento, Francisco tirou suas vestes,
entregou-as ao seu pai Pedro e disse-lhe: “Até agora o chamei de pai, mas agora
direi com razão: meu pai está no céu, porque Nele depositei minhas esperanças”.
Em seguida, vestiu uma túnica de algodão e maltrapilho saiu pelo
mundo.
Todas
as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem… Deus quer que ajudemos
aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o mesmo
direito a ser protegida. (São Francisco de Assis).
Aos poucos, Francisco foi conquistando adeptos e era comum vê-lo pregar a palavra de Jesus e seu lema tornou-se: Paz e Bem. Em suas jornadas, sempre estava acompanhado por pássaros e outros animais que o tratavam com a confiança e dedicação a que se tem a um dono.
Aos poucos, Francisco foi conquistando adeptos e era comum vê-lo pregar a palavra de Jesus e seu lema tornou-se: Paz e Bem. Em suas jornadas, sempre estava acompanhado por pássaros e outros animais que o tratavam com a confiança e dedicação a que se tem a um dono.
Com
o passar do tempo, São Francisco foi admirado por seu voto de pobreza,
humildade, liberdade religiosa, além da grande bondade com todos os seres vivos,
em especial os animais. Não existiu homem que fosse estranho ao seu coração:
leprosos, bandoleiros, nobres ou plebeus; todos eram seus irmãos. Mais ainda,
ninguém como ele irmanou-se tanto com o universo: foi irmão do Sol, da água, das
estrelas e dos animais. Francisco de Assis foi canonizado em 1228 e seu culto é
associado à “proteção dos animais”.
Em
1979, o Papa João Paulo II proclamou-o santo patrono dos ecologistas (Fonte:
Portal Terra).

ORAÇÃO
DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
São
Francisco de Assis
Nascimento
5 de julho de 1182 em Assis Morte 3 de outubro de 1226 em Assis Veneração por
Igreja Católica Canonização 16 de Julho de 1228, Assis por: Papa Gregório IX
Principal templo Basílica de São Francisco de Assis,Assis (Itália) Festa
litúrgica 4 de Outubro
A
fama de santidade que granjeou em vida e perdura até os dias de hoje não
decorreu de grandes manifestações de erudição religiosa, que jamais fez questão
de possuir, e tampouco de seus milagres, que não obstante foram muitos e
impressionantes, mas do seu exemplo de uma vida de completa dedicação ao
próximo, dedicação que era animada por uma compreensão profunda, uma sinceridade
espontânea, uma simplicidade autêntica em todas as coisas, qualidades banhadas
de uma calorosa fraternidade, simpatia e caridade. Todos os seus primeiros
biógrafos ressaltam esses aspectos de seu caráter, e por esses motivos sua
figura é também admirada por muitos fora da esfera do Catolicismo. Na visão de
seus contemporâneos ele era o mais perfeito seguidor de Jesus Cristo, e sua
presença em qualquer cidade era sempre um acontecimento, enquanto que seus
irmãos eram tidos na mais alta estima por muitos prelados importantes e
autoridades civis. Oração de São Francisco de Assis Patrono dos animais São
Francisco de Assis, comemorado em 04 de outubro Senhor: Fazei de mim um
instrumento de vossa Paz. Onde houver Ódio, que eu leve o Amor, Onde houver
Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde
houver Dúvida, que eu leve a Fé. Onde houver Erro, que eu leve a Verdade. Onde
houver Desespero, que eu leve a Esperança. Onde houver Tristeza, que eu leve a
Alegria. Onde houver Trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre, fazei que eu procure
mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que
ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é
morrendo, que se vive para a vida eterna! Amém.
Tau
– Símbolos e Significados
Há
certos sinais que revelam uma escolha de vida. O TAU, um dos mais famosos
símbolos franciscanos, hoje está presente no peito das pessoas num cordão, num
broche, enfeitando paredes numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou
pintura. Que escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e
vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo tocar
sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana. Horizontalidade e
verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo do TAU riscado nas
cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e
na arte da civilização Maia. Francisco de Assis o atualizou e imortalizou. Não
criou o TAU, mas o herdou como um símbolo seu de busca do Divino e Salvação
Universal. TAU, SINAL BÍBLICO Existe somente um texto bíblico que menciona
explicitamente o TAU, última letra do alfabeto hebraico, Ezequiel 9, 1-7: “Passa
pela cidade, por Jerusalém, e marca com um TAU a fronte dos homens que gemem e
choram por todas as práticas abomináveis que se cometem”. O TAU é a mais antiga
grafia em forma de cruz. Na Bíblia é usado como ato de assinalar. Marcar com um
sinal é muito familiar na Bíblia. Assinalar significa lacrar, fechar dentro de
um segredo, uma ação. É confirmar um testemunho e comprometer aquele que possui
o segredo. O TAU é selo de Deus; significa estar sob o domínio do Senhor, é a
garantia de ser reconhecido por Ele e ter a sua proteção. É segurança e
redenção, voltar-se para o Divino, sopro criador animando nossa vida como
aspiração e inspiração. O TAU NA IDADE MÉDIA Vimos o significado salvífico que a
letra hebraica do TAU recebe na Bíblia. Mas o TAU tem também um significado
extrabíblico, bastante divulgado na Idade Média: perfeição, meta, finalidade
última, santo propósito, vitória, ponto de equilíbrio entre forças contrárias. A
sua linha vertical significa o superior, o espiritual, o absoluto, o celeste. A
sua linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, a carne. O TAU
lembra a imagem do sustentáculo da serpente bíblica: clavada numa estaca como
sinal da vitória sobre a morte. Uma vitória mística, isto é, nascer para uma
vida superior perfeita e acabada. É cruz vitoriosa, perfeição, salvação,
exorcismo. Um poder sobre as forças hostis, um talismã de fé, um amuleto de
esperança usado por gente devota sensível. O TAU DO PENITENTE Francisco de Assis
viveu em um ambiente no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza
simbólica e tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua
conversão e da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o
jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do
Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar os
excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na sua luta
interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a solidão e o desafio
da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a canção universal das criaturas;
que experimentou incompreensão e sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que
atraiu vidas, encontrou um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em
Fontecolombo, de assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor
nos possui e nos salva sob o signo do TAU. O TAU FRANCISCANO O TAU franciscano
atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma
intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos
símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da
mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e
o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento
discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação. Francisco de Assis está
penetrado e iluminado, apaixonado e informado pela Palavra de Deus, a Palavra da
Verdade. É um batalhador incansável da Paz, o Profeta da Harmonia e
Simplicidade. É a encarnação do discernimento: pobre no material, vencedor no
espiritual. Marcou-se com este sinal da luz, vida e sabedoria. O TAU COMO IDEAL
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja
Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bipos, 800
abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco.
Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com
energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia,
pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III
recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9, 1-7. Queria honrar
novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era
preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais
vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu
do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com
o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor. O
TAU NAS FONTES FRANCISCANAS Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da
importância que São Francisco dava ao TAU: “O Santo venerava com grande afeto
este sinal”, “O sinal do TAU era preferido sobre qualquer outro sinal”, “O
recomendava, freqüentemente, em suas palavras e o traçava com as próprias mãos
no rodapé das breves cartas que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse
gravar o sinal do TAU, segundo o dito profético, sobre as fontes dos homens que
gemem e lutam, convertidamente a Jesus”, “O traçava no início de todas as suas
ações”, “Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas” (cf.
LM 4,9; 2,9; 3Cel 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na total
investidura de um ideal que abriu muitos caminhos. TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA
Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um
Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz
Franciscana, lembra para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor
e paz. O Deus da Cruz é um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais
bela oferenda de Amor. Para São Francisco, o TAU lembra a missão do Senhor:
reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o TAU é uma
fonte da mística franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito
ama, mais salva. Um poeta dos primeiros tempos do franciscanismo conta no
“Sacrum Comercium”, a entrega do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor
Ressuscitado, que o chama de “selo do reino dos céus”. À Dama Pobreza clamam os
menores: “Eia, pois, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da
tua graça!” (SC 21,22). O TAU E A BÊNÇÃO Francisco se apropriou da bênção
deuteronômica, transcreveu-a com o próprio punho e deu a Frei Leão: “Que o
Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se compadeça de
ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz. Irmão Leão; o Senhor
te abençoe!” Sob o texto da bênção, o próprio Frei Leão fez a seguinte anotação:
“São Francisco escreveu esta bênção para mim, Irmão Leão, com seu próprio punho
e letra, e do mesmo modo fez a letra TAU como base”. Assim, Francisco, num
profundo momento de comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal,
abençoa seu filho, irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar com a presença,
é transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te abençoe! O
TAU E A CURA DOS ENFERMOS No relato de alguns milagres, conta-se que Francisco
fazia o sinal da cruz sobre a parte enferma dos doentes. Após ter recebido os
estigmas no Monte Alverne, Francisco traz em seu corpo as marcas do Senhor
Crucificado e Ressuscitado. Marcado pelo Senhor, imprime a marca do Senhor que
salva em tudo o que faz. Conta-nos um trecho das Fontes Franciscanas que um
enfermo padecia de fortes dores; invoca Francisco e o santo lhe aparece e diz
que veio para responder ao seu chamado, que traz o remédio para curá-lo. Em
seguida, toca-lhe no lugar da dor com um pequeno bastão arrematado com o sinal
do TAU, que traz consigo. O enfermo ficou curado e permaneceu em sua pele, no
lugar da dor, o sinal do TAU (cf. 3Cel159). O Senhor identifica-se com o
sofrimento de seu povo. Toma a paixão do humano e do mundo sobre si. Afasta a
dor e deixa o sinal de Amor. A COR DO TAU O TAU, freqüentemente, é reproduzido
em madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre Nicolau
Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador que passa
enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU com o Sangue do
Cordeiro Pascal que se derrama num cálice. O Vermelho representa o sangue do
Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do Salvador, cálice da vida! Em
Fontecolombo, Francisco deixou o TAU grafado em vermelho. O TAU pintado na
casula de Frei Leão no mural de Greccio também é vermelho. O pergaminho escrito
para Frei Leão no Monte Alverne, marca em vermelho o Tau que assina a bênção. O
Vermelho é símbolo da vida que transcende, porque se imola pelos outros. Caminho
de configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da Ressurreição. O
TAU NA LINGUAGEM O TAU é a última letra do alfabeto judaico e a décima nona
letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso; um código de linguagem reflete a
vivência das palavras. O mundo judaico e, conseqüentemente, a linguagem bíblica
mostram a busca do transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro
da história. É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O
mundo grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e
das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão, saber
enraizar-se. É a nossa horizontalidade. A Teologia e a Filosofia são servas da
fé e do pensamento. Quem sabe onde está parte para vôos mais altos. É como o
galho de pessegueiro, cortado em forma de tau é usado para buscar veios d’água.
Ele vibra quando a fonte aparece cheia de energia. Coloquemos o tau na fonte de
nossas palavras! O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS Em geral, o Tau pendurado no
pescoço por um cordão com três nós. Esse cordão significa o elo que une a forma
de nossa vida. O fio condutor do Evangelho. A síntese da Boa Nova são os três
conselhos evangélicos=obediência, pobreza, pureza de coração. Obediência
significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os sentidos para
perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e mostra lealdade a um
grande projeto. Pobreza não é categoria econômica de quem não tem, mas é valor
de quem sabe colocar tudo em comum. Ser pobre, no sentido bíblico-franciscano, é
a coragem da partilha. Ser puro de coração é ser transparente, casto,
verdadeiro. É revelar o melhor de si. Os três nós significam que o obediente é
fiel a seus princípios; o pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida
da beleza do seu coração e de seus afetos. Tudo isto está no Tau da existência!
USAR O TAU É LEMBRAR O SENHOR Muita gente usa o Tau. Não é um amuleto, mas um
sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo feito ao
seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o TAU é colocar a vida no dinamismo
da conversão: Cada dia devo me abandonar na Graça do Senhor, ser um reconciliado
com toda a criatura, saudar a todos com a Paz e o Bem. Usar o TAU é
configurar-se com aquele que um dia ilumina as trevas do nosso coração para
levar-nos à caridade perfeita. Usar o TAU é transformar a vida pela
Simplicidade, pela Luz e pelo Amor. É exigência de missão e serviço aos outros,
porque o próprio Senhor se fez servo até a morte e morte de Cruz. Por Frei
Vitório Mazzuco, OFM
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